Em "Madres paralelas", Almodóvar parece ter se formado na mesma escola de Manoel Carlos. Pois é, pensa num novelão cheio de reviravoltas. E, se não há uma Helena por aqui, há a presença carimbada de Penélope Cruz como elemento de continuidade. Até as cores marcantes, tão características da estética de Almodóvar, ganham um toque refinado nesta última produção. É como se, em vez do kitsch dos primeiros filmes, estivéssemos diante de um catálogo da Farm: ainda colorido, mas querendo ser elegante. O lado político da narrativa é mais evidente e permeia o filme como um todo - não é como em "Carne trêmula", em que a crítica à ditadura é apenas uma moldura tímida. Todas as mortes do totalitarismo espanhol são o tema principal deste filme, bem como seu contraposto: as novas vidas que germinam no agora.