A figura do cavaleiro andante em cenários mais contemporâneos é uma temática que me agrada muito, especialmente no cinema. Entre exemplos que me marcaram, estão "O homem que era o super-homem", coreano, e "O sr. Kaplan", uruguaio. Em "O homem que matou D. Quixote", uma produção espanhola, também temos o elemento do estranhamento com personagens que falam em inglês quase o tempo todo. Uma das curiosidades dessa produção é o fato de ter levado quase 30 anos para ficar pronta. Talvez tanto tempo no forno seja o sucesso da obra, que é toda bem amarradinha, mesmo que essa coerência interna pareça difusa no ambiente quase carnavalesco em que se desenvolve a trama principal. Há algo de surrealismo no longa (que me lembrou Jodorowsky), mas que se casa muito bem com o plot original do Quixote – afinal, mesmo escrito há tantos séculos, continua sendo uma das obras mais contemporâneas que temos.